“Quando a moeda é gente, ninguém sai ileso.” — (Anotação de R.)
[... continuando flashbacks de Renata e narrativas de Guilherme, no presente]
... O que eu lembro daquele dia é um filme picotado.
O que eu não vi, Alexandre/Guilherme — preencheu depois, sentado na minha frente, a voz baixa, os olhos em qualquer coisa menos em mim. Juntei as duas metades no fundo da minha memória e virou isso aqui.
“Localizaram a menina”
Ele me contou que o dia começou como qualquer outro dia errado na Casa dos Jasmins...
Reunião, pasta de couro, homens de terno, cheiro de café caro e medo barato. Aurélia no centro, impecável, colar de pérolas que eu conhecia bem porque já tinha sentido o frio daquela pedra encostar na minha pele quando ela me abraçava “como filha”.
O telefone dela vibrou uma vez. Só uma.
Ela atendeu sem pedir licença, como fazem os donos de tudo.
— Fala. — Ele imitou o tom seco, automático que ela sempre usava.
Silêncio de escuta. Depois, a frase que, anos depois, ainda me dá náusea só