“A criança nasce. Depois eu decido o que fazer com ela.” — (Aurélia)
[... continuando flashbacks de Renata e narrativas de Guilherme, no presente]
A Proposta
Ele disse que Aurélia não gritou. Ela nunca grita.
Aurélia fechou a porta de uma sala menor, janela de vidro fosco, duas poltronas e uma mesa com pastas organizadas por cor. Sentou-se, cruzou as pernas, apoiou o queixo.
— Eu devia estar surpresa? — ela começou, suave. — Não estou. Homem é previsível. Mulher, com fome de afeto, mais ainda.
Ele não desviou.
— Eu a amo — disse, sem rodeios. — E amo essa criança. Eu quero tirar as duas daqui. A gente some. Você nunca mais ouve falar da gente.
Ela riu. Não alto. Não escandaloso. Um riso curto, incrédulo.
— Você acha mesmo que é assim que funciona? — inclinou a cabeça. — Você acha que pode tirar do meu sistema a peça principal, fugir com a barriga que representava milhões em contrato, e sair ileso?
Guilherme apertou o punho.
— Eu ajudei a construir boa parte desse sistema, Aurélia — e