“O passado nunca morre. Nem sequer passa.” — (William Faulkner)
O despertador não foi o que a trouxe de volta à realidade — foi, na verdade, aquele bilhete dobrado ao meio, repousando na mesa lateral, como um eco de caos mental:
“Alguns mortos respiram. E alguns segredos andam de pé.”
Com dedos que tremiam ligeiramente — não por medo, mas por uma raiva antiga que subia pela garganta, azeda como bile — ela pegou o papel. Capturou imagens de ambos os lados, suas mãos vacilando sobre o teclado, hesitando antes de salvar tudo no arquivo oculto do celular, como se cada clique fosse um ato de traição.
Depois, seu olhar se fixou na bolsa onde havia guardado o envelope, como se pudesse queimá-lo à distância com o simples poder do olhar. Seu coração pulsava descompassado, um lembrete cruel de que certas feridas nunca cicatrizam de verdade; elas apenas aprendem a sangrar para dentro, retendo o peso da dor em silêncio.
A ordem que tentava impor era tão frágil quanto vidro — e ela sabia bem disso