“Entre o sim e o nunca, escolho o agora: pequeno como um fósforo, mas suficiente para acender a tua mão na minha. Se eu fugir, puxa devagar. Se eu ficar, guarda silêncio.” — Anotações do diário de R.
— Então, vem comigo até o fim da noite — propôs Matheo, mudando o peso do corpo. — Sem respostas. Sem assinatura. Só a sua mão na minha.
Renata aceitou a mão dele. A eletricidade que percorreu o braço era a mesma de sempre — aquela mistura rara de ternura e fome. Eles se levantaram.
O garçom apareceu com a conta como se tivesse sido chamado por telepatia, e Matheo resolveu tudo com aquela calma confiante de quem sabe ser um porto seguro.
No elevador, um casal entrou apressado, rindo de forma contagiante. Desceram dois andares.
Renata e Matheo ficaram de frente para o espelho. Ela viu a própria boca num vermelho quase insolente; e viu, também, o homem ao lado, tão perto e tão do lado de fora de uma casa que ela não sabia como abrir.
Era como se o universo inteiro estivesse conspirando para