Clara dormiu por cerca de uma hora — o suficiente apenas para descansar o corpo.
— Não dormiu? — perguntou, me olhando sonolenta.
— Estou sem sono — respondi, sorrindo.
Nos levantamos e saímos do quarto. Na sala, apenas o senhor Wilson estava sentado no sofá; o resto da família se concentrava na cozinha, entre risadas e o cheiro forte de temperos. Clara seguiu até lá, e eu me sentei próximo ao pai dela.
— E então, rapaz… é pra valer mesmo? — perguntou com a voz rouca e cansada.
— Sem dúvidas, seu Wilson. Sua filha é uma mulher incrível.
Ele sorriu de leve.
— Ela é sim. Desde novinha, só nos deu orgulho. Se não fosse por ela, eu talvez nem estivesse mais aqui — disse, abrindo um pouco a camisa e mostrando a cicatriz no peito, lembrança da cirurgia que Clara custeou.
— Mas agora o senhor está bem — falei, sentindo um nó na garganta.
— Estou vivo, e é isso que importa. Você trabalha com ela?
— Mais ou menos isso, senhor Wilson — respondi, sorrindo.
Nesse momento, Calebe entrou na sala co