Os dias que se seguiram foram leves. A mansão parecia ter ganhado vida desde que Clara chegara. Havia riso nos corredores, flores frescas sobre a mesa e um toque de doçura até na rotina dos funcionários. Clara tinha esse dom raro de se entrosar com todos — falava com os empregados como quem fala com velhos amigos, e o ar da casa se tornara mais humano desde então.
Chegou, enfim, o dia de partirmos para Belo Horizonte. Depois de conversarmos, decidimos ir de carro — pouco mais de seis horas de viagem, queríamos aproveitar o caminho e o tempo juntos. Escolhi a SW4 preta metálica, o carro da mansão. Havia tempos que não a usava. O interior era de couro bege, costuras finas, painel digital e acabamento impecável. O conforto daquele veículo sempre me impressionou — silencioso, firme na estrada, elegante sem precisar chamar atenção.
Coloquei o revólver no porta-luvas, como de costume, e fomos tomar café antes de sair. Clara parecia animada, embora um pouco apreensiva. Após o café, carregamo