Os dias seguiam na mesma correria de sempre, mas Clara nunca saía do meu pensamento. Às vezes não conseguíamos nos ver, mas nossas conversas por mensagem mantinham tudo vivo. Havia algo em cada palavra dela que me trazia paz — e, ao mesmo tempo, me deixava ansioso por vê-la.
Um dia, ela me contou, empolgada, que o pai havia feito a cirurgia. O alívio em sua voz era nítido, quase palpável. Clara me agradeceu tantas vezes que eu cheguei a ficar sem graça. Aquele simples “obrigada” dela valia mais do que qualquer coisa que o dinheiro pudesse comprar.
Em um de nossos encontros, comentou com um certo constrangimento sobre os cochichos na loja. As colegas a rotulavam de “namoradinha do dono”, “a queridinha do patrão”. Para ela, aquilo era desconfortável — e eu entendi. Clara não era mulher de depender de ninguém.
Conversei com Matteo, que faria uma reunião com as funcionárias e deixaria tudo claro. Eu não queria precisar ir até lá, porque se fosse... não seria só conversa. Haveria demissões