Enquanto dirigia pelas ruas de Manhattan, vez ou outra desviava o olhar para Clara. Tão perfeita que parecia ter escapado de uma tela de cinema — luz própria, silêncio sagrado, alma rara.
Chegamos ao restaurante.
O edifício se erguia como um palácio de vidro e mármore, discreto e imponente. Portas altas de ferro trabalhado, cortinas longas em veludo escuro, lustres de cristal que espalhavam reflexos dourados pelo salão. O ar era delicadamente perfumado, e o som de conversas baixas se misturava ao tilintar elegante de taças.
Desci do carro, contornei e lhe ofereci o braço. Ela se apoiou em mim com a naturalidade de quem nasceu para aquele lugar — ou talvez para mim.
Fomos conduzidos até nossa mesa reservada: um espaço íntimo, cercado por paredes de espelhos fumê, com uma vela solitária tremulando no centro, refletindo em talheres de prata polida e em porcelanas finíssimas.
O prato era obra de arte — texturas delicadas, cortes precisos, vapor aromático que subia lentamente. Carnes nobre