Quando o carro enfim se aproximou da casa, Clara soltou o cinto com as mãos trêmulas, os olhos marejados como se cada metro que nos separava daquele quintal apertasse ainda mais seu peito. O cachorro solto correu até a cerca e latiu alto, protetor, anunciando nossa chegada.
Seu Wilson surgiu na porta, sem camisa, franzindo os olhos como quem tenta decifrar uma visão inesperada. Ficou parado por alguns segundos, talvez por não reconhecer o carro, talvez por não esperar ver a filha ali, de repente. Eu reduzi a velocidade e, antes mesmo de estacionar, Clara já tinha aberto a porta.
— Papai… — ela correu para ele e se jogou em seus braços, soluçando — eu senti tanta falta de vocês…
— Clara, minha filha… — a voz de seu Wilson falhou, os olhos se enchendo de água. — Que saudade… e que medo eu tive de não te ver mais.
Encostei no carro, dando espaço para os dois. A cena tinha um peso bonito, uma espécie de reencontro que parecia devolver algo que o tempo havia roubado. Dona Irene, alertada p