CAPÍTULO 117

Na manhã seguinte, quando os primeiros raios de sol atravessaram as cortinas da cobertura, deixei o quarto em silêncio para não acordar Clara. Meu corpo carregava aquela tensão silenciosa que se tornou parte de mim desde o dia em que quase a perdi. Desde o incêndio na Porsche — a sabotagem que a deixou presa, desacordada, no limite entre a vida e a morte — eu simplesmente não sabia existir sem estar alerta.

Acordar cedo, correr atrás de tudo, manter cada detalhe sob controle… era menos rotina e mais sobrevivência. Havia muito a resolver antes da nossa volta ao Brasil, e minha mente já trabalhava antes mesmo de eu chegar ao escritório.

Entre reuniões, documentos e telefonemas, o dia passou rápido demais. Quando dei por mim, já era o amanhecer seguinte — o dia da nossa viagem.

Levantei ao lado de Clara, que se arrumava devagar, a barriga avançada tornando cada movimento delicado. Descemos para o café no Plaza, onde o calor suave do ambiente contrastava com o turbilhão que sempre girava
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