Luigi / capítulo bônus.
O quarto do hospital tinha cheiro de remédio e arrependimento. A luz fraca, a dor no ombro, o som irritante do monitor cardíaco. Nada disso incomodava tanto quanto a presença dele. Sergei. Parado ali, de braços cruzados, me olhando como se estivesse tentando me decifrar de novo. Como se ainda tivesse alguma esperança.
Eu não conseguia olhar para ele por muito tempo. Doía mais que o tiro.
— Você podia ter morrido. — ele disse.
A voz dele sempre foi firme, sem rodeios. Mas tinha algo diferente agora. Uma falha no tom, um resquício de sentimento. E isso me atingiu mais fundo do que qualquer bala.
— A vida inteira escuto isso. — murmurei, sem olhar. — Mas vindo de você... soa quase como preocupação.
Ouvi seus passos se aproximando. Eu sabia que ele não ia deixar barato.
— Não brinca comigo, Luigi. Não agora.
Revirei os olhos e soltei um riso fraco.
— Quando eu posso brincar com você, Sergei? Quando você entra no quarto de motel à noite, e sai antes do sol