Acordei com um silêncio estranho. A cama ainda estava quente do lado dela, o que me dizia que ela não tinha saído há muito tempo. Mas não estava ali.
Levantei. O sol começava a cortar pelas frestas da cortina, o cheiro de café fresco já existia. Mas nenhum som de passos. Nenhum sinal de Angeline.
Desci as escadas e encontrei a sala vazia.
— Angeline? — chamei, mas só ouvi o eco da minha própria voz.
Minha mente, já contaminada por tudo que aconteceu, se encheu de desconfiança. Ela nunca saía sem avisar.
Estava subindo as escadas, tentando não pirar. Mas já estava com o celular na mão quando ouvi a porta da frente se abrir.
Desci em dois segundos.
Ela entrou devagar, parecendo querer passar despercebida. Quando me viu, travou. Olhos vermelhos. Corpo tenso.
— Onde você estava? — perguntei direto, sem rodeios.
— Estava no jardim. — respondeu rápido demais. Mentirosa.
Cruzei os braços, encostei na parede e só a encarei.
Ela subiu as escadas sem dizer mais nada. Fui atrás. Tinha