Faziam exatamente vinte e um dias. Três semanas desde que vi minha pequena guerreira ser levada para a sala de procedimento com aquele pijaminha azul-claro e o olhar mais forte do que qualquer adulto que já conheci. Giulia segurava minha mão com a firmeza de quem sabia que algo importante estava prestes a acontecer, e eu jurei a mim mesma que faria tudo certo. Que ela ficaria bem.
Agora, estávamos todos de pijamas no quarto 408 do hospital. Giulia entre mim e Miguel, com os pezinhos cruzados sobre a cama, assistindo Enrolados pela milésima vez, como se fosse a primeira. Ela ria da Rapunzel, com um cobertor de unicórnios até o queixo, o baldinho de pipoca improvisado entre as pernas finas e uma tiara de princesa por cima da cabeça raspadinha.
Miguel estava do meu outro lado, sentado com as pernas abertas, e Giulia meio encostada nele. Eu via o quanto ele tentava manter a serenidade, mas seus olhos não desgrudavam do rosto dela. A cada risada que ela soltava, ele soltava um suspiro. Com