O restaurante era aconchegante, de tijolinhos aparentes e com mesas de madeira rústica. Luzes âmbar pendiam do teto como vaga-lumes imóveis, deixando tudo com um ar quase mágico. Miguel me guiou até a mesa, com a mão levemente em minhas costas. Giulia estava com Carmen por algumas horas, o que nos dava um raro tempo a sós — mesmo que fosse só para almoçar.
— Esse era o restaurante preferido da minha avó — ele disse, já se acomodando. — A comida daqui é tão boa quanto a dela, o que é dizer muito.
Sorri, ainda sentindo o gosto amargo da manhã, mas me esforçando para mergulhar naquele novo ambiente, mais leve, mais simples.
— Ela cozinhava bem? — perguntei, tentando puxar conversa.
— Fazia um cocido andaluz de fazer chorar.
— Então eu estou no lugar certo — brinquei.
Ele sorriu, aquele sorriso que fazia o rosto parecer menos cansado e os olhos menos solitários. Passamos um tempo conversando sobre pratos típicos, viagens, e até rimos juntos de uma história em que ele tentava cozinhar para