O cheiro de café recém-passado e pão de queijo dominava o corredor da faculdade. Era o tipo de aroma que me fazia esquecer por alguns segundos o cansaço da manhã.
Eu e Ana estávamos sentadas na nossa mesa habitual, uma pilha de cadernos, livros e xícaras ao redor. Ela rabiscava algo no tablet enquanto eu revisava uma receita de confeitaria que o professor tinha passado.
— Então me conta — disse ela, com um sorriso curioso. — Como foi a entrevista na agência?
Suspirei, apoiando o queixo na mão.
— Surreal. Tipo… nível “o universo tá tirando sarro da minha cara”.
— Isso é bom ou ruim?
— Depende — ri. — Lembra do cara do elevador? Aquele que parece ter saído de um catálogo de ternos caros e com a personalidade de um bloco de gelo?
— O bonitão que você achava que era casado?
Assenti, abrindo os braços num gesto dramático.
— Ele mesmo. É o pai da criança da vaga de babá.
Ana deixou o tablet cair na mesa.
— Mentira!
— Eu também achei que fosse. Até ver o sobrenome no contrato da entrevista: