O relógio no hall marcava nove da manhã quando me olhei no espelho do elevador pela terceira vez. Tentei ajeitar o cabelo, ajeitar o vestido, ajeitar a mim mesma — mas a verdade é que nada me deixaria completamente pronta para aquele momento. O motorista que o senhor Rodolfo mandou estava a caminho, e meu coração parecia determinado a pular do peito.
Eu ainda custava a acreditar que tinha conseguido o emprego. Entre tantas candidatas, a recrutadora havia dito que eu era “a escolha ideal”. E agora, ali estava eu, prestes a deixar o conforto do meu pequeno apartamento para morar na casa do meu novo chefe — que, ironicamente, era também o vizinho que eu vivia encontrando no elevador.
— Calma, Serena… é só um trabalho. — murmurei para mim mesma. — Um ótimo trabalho, mas ainda assim, só um trabalho.
O som discreto de uma buzina me fez respirar fundo. Um sedan preto, com pintura reluzente e vidros escuros, estacionou em frente ao prédio. O motorista — um senhor de cabelos brancos e sorriso