O aeroporto de Madrid era um universo em miniatura, um caos organizado de histórias entrelaçadas. Cheirava a café forte, a perfume caro e ao limpa-chões do chão, um aroma peculiar que sempre me fez associar viagem com renovação. Eu, Serena, estava no epicentro desse turbilhão, com uma mochila nas costas que parecia carregar não apenas minha roupa, mas toda a minha vida até aquele momento.
E, é claro, com a minha família fazendo o que ela faz de melhor: transformando um momento de despedida em uma pequena, e um pouco barulhenta, celebração.
A vovó com seus cabelos agora completamente prateados, mas com os mesmos olhos cheios de luz que eu herdei, segurava meu rosto entre as mãos, suas alianças frias contra a minha pele quente.
— Minha estrelinha, indo brilhar longe de casa — disse, sua voz um sussurro carregado de emoção. Os seus “v” ainda soavam como “b”, um traço do seu sotaque que sempre me acalmou desde criança. — Você lembra o endereço da tia-avó em São Paulo? E prometeu que vai l