A televisão iluminava a sala em tons suaves, refletindo sobre as paredes que eu conhecia desde criança. Era estranho estar de volta à casa dos meus pais depois de tanto tempo, como se aquele lugar tivesse parado no tempo, esperando por mim. O sofá, o tapete, até o cheiro de café recém-passado vindo da cozinha… tudo me envolvia em um abraço silencioso.
Mas naquele momento, nada parecia mais importante do que o peso quente e doce da Serena em meus braços.
Ela estava aninhada contra o meu peito, mamando devagar, como se o mundo inteiro fosse só isso: nós duas, unidas por um laço que nem mesmo a memória me tirou. Amamentá-la novamente tinha sido algo inesperado. Nos primeiros dias, eu achei que meu corpo não lembraria, que sete meses de distância teriam apagado essa possibilidade. Mas não. Como se houvesse uma memória mais profunda que qualquer outra, mais forte que o esquecimento. Meus seios voltaram a produzir leite, e Serena parecia entender instintivamente que aquele era o nosso lugar