As câmeras piscavam com aquela intensidade incômoda que, no começo, sempre me deixava inquieto. Hoje, depois de tantas entrevistas, aprendi a respirar fundo e deixar que o mundo ao meu redor desaparecesse, focando apenas na conversa. Ainda assim, estar ali, em meio às minhas próprias obras, tinha um peso diferente.
A apresentadora, uma mulher elegante de voz suave, sorriu para mim enquanto a equipe ajustava os microfones.
— Noah, antes de falarmos sobre essa nova fase, queria voltar um pouco no tempo. A sua história é… incomum. Deixar a medicina, um futuro promissor, para se dedicar à arte. Pode nos contar como isso aconteceu?
Assenti devagar, já sentindo aquele nó familiar no peito.
— Claro. — Minha voz saiu firme, mas por dentro eu ainda lembrava da sensação de fracasso que carreguei por tanto tempo. — Eu sempre estive dividido entre dois mundos. Meu pai sonhava em me ver como médico, seguir a carreira que ele considerava segura, respeitável. E eu tentei. Cheguei a cursar alguns ano