O céu estava azul, limpo, como se o universo tivesse decidido me dar um presente naquele dia. Fazia semanas que não sentia uma tranquilidade tão palpável, quase física, como se pudesse segurá-la com as mãos. Segurava, na verdade, a mão de Noah, enquanto do outro lado do carrinho, Serena balbuciava sons desconexos, encantada com os pássaros que voavam por cima das árvores altas do parque.
Eu sempre gostei de parques. Mesmo sem me lembrar de muitos detalhes da minha vida antes do acidente, havia algo no simples fato de andar entre árvores, ouvir risadas de crianças correndo e sentir o vento leve no rosto que despertava memórias soltas em mim. Algumas vinham como flashes, rápidas demais, quase impossíveis de agarrar. Outras, no entanto, vinham acompanhadas de uma sensação tão intensa que meu peito parecia explodir.
— Está tudo bem? — Noah perguntou baixinho, inclinando-se para mim. Seu olhar atento me estudava, como sempre fazia, como se pudesse decifrar meus silêncios.
Assenti, sorrindo