As paredes do tribunal pareciam mais altas naquele dia. O teto, pesado, como se tivesse sido feito para esmagar quem ousasse mentir. O cheiro de madeira antiga e papel velho impregnava cada canto, misturando-se ao perfume discreto de Giulia. Eu estava sentado ao lado dela, a mão dela firme na minha, mas ainda assim percebi o tremor dos dedos.
O juiz ajeitou os óculos, abriu a pasta diante de si e anunciou:
— Daremos início à audiência. Que as partes estejam prontas.
Meu pai, sentado do outro lado com seu advogado, parecia impenetrável. Tinha o mesmo olhar frio e calculista de sempre, como se estivesse em uma reunião de negócios e não prestes a enfrentar o resultado de uma vida inteira de crimes e manipulações. Eu respirei fundo, lembrando a mim mesmo de que não era apenas meu pai que estava ali. Era o homem que quase destruiu a mulher que eu amo, que ameaçou a vida da minha filha.
O advogado da acusação se levantou primeiro. Sua voz ecoou pela sala com segurança:
— Meritíssimo, aprese