As manhãs na cafeteria tinham um ritmo próprio, quase como uma canção suave que eu já conhecia de cor. O cheiro de café fresco se espalhava pelo ar antes mesmo de eu abrir as portas, misturado ao aroma doce dos croissants recém-saídos do forno. Quando levantei a cortina de metal e virei a plaquinha para o lado que dizia Aberto, senti aquele calorzinho no peito, o mesmo que sentia desde o primeiro dia em que coloquei os pés ali. Era como se cada detalhe do lugar me abraçasse: as mesinhas de madeira, as luminárias pendentes que eu mesma escolhi e os quadros coloridos nas paredes que uma amiga pintou para mim.
Os clientes começaram a chegar aos poucos, como sempre. Primeiro foi dona Carmen, uma senhora de cabelos brancos e passos lentos, que todas as manhãs vinha pedir um cappuccino com canela.
— Bom dia, minha querida! — ela me cumprimentou, sorridente. — E como está a pequena Serena hoje?
O coração me apertou com a lembrança da minha filha. Mesmo não estando comigo naquele momento, era