O despertador do meu celular berrou no meio da madrugada, e eu quase morri.
— Ai, meu Deus do céu... — grunhi, atacando o botão de soneca como se fosse uma cobra.
Na tela, a mensagem do Senhor Benites piscava com a delicadeza de um bilhete de sequestro:
"Giulia acorda às 6h30. Uniforme no armário. Use o carro da garagem."
Nem um "por favor", nem um "bom dia". Só ordens, como se eu fosse a Alexa de pelúcia dele.
— Tá bom, chefe — cuspi no travesseiro antes de me arrastar para o banheiro.
Se ao menos ele tivesse aparecido para a tal reunião da noite passada, em vez de evaporar assim que Giulia pegou no sono. Mas não. Miguel Benites, campeão mundial de fugir de conversas que não sejam sobre o clima.
O quarto de Giulia parecia a cena de um crime. A mini diva estava enrolada no cobertor como um taquito de cabelos loiros, abraçada ao Sr. Bolhas — o urso que, segundo ela, "só mente para adultos".
— Bom dia, princesa... — sacudi seu ombro.
Ela abriu um olho, puxou o cobertor até o nariz e anun