Narrado por Gregório
Ava dormia encostada no sofá, os cabelos espalhados no ombro, o corpo levemente curvado como quem se protege. Eu fiquei ali um tempo só olhando. Aquela paz dela era meu templo. Mas tinha algo em mim queimando por dentro — não só desejo, mas urgência. A necessidade de lembrar a ela — e a mim — que eu estava vivo. Que ela estava viva. Que a gente ainda era pele, além de alma.
Me inclinei devagar e beijei o ombro exposto, com carinho. A pele arrepiou sob minha boca.
Gregório: Amor…
Ela abriu os olhos devagar, aquele brilho calmo, e sorriu como se já soubesse.
Ava: Já?
Gregório: Eu tô com saudade do teu corpo também. Não só da tua presença.
Ela não respondeu. Só deslizou a mão até minha nuca e puxou, aproximando a boca da minha. O beijo começou lento, com gosto de chá e silêncio, mas logo virou calor. Línguas se reconhecendo, se buscando, como quem tem tempo, mas não quer esperar.
Deslizei a mão pela lateral dela, sentindo as curvas, os contornos novos da gravidez. Ca