Narrado por Gregório
Voltar pra casa depois de uma conversa com o Bento é como sair de uma tempestade e entrar num campo minado. A diferença é que, na tempestade, você sabe que vai se molhar. Mas em casa, com Ava, eu nunca sei se vou me afogar no olhar dela ou explodir com alguma pergunta que só ela tem coragem de fazer.
A mansão tava em silêncio quando entrei. Eram quase nove da noite. Os seguranças fizeram aquele aceno discreto, e eu fui direto pra cozinha. Vi uma panela borbulhando, o cheiro de alho e azeite me alcançando antes da porta abrir por completo.
E lá estava ela.
Descalça, cabelo preso no alto da cabeça, usando uma das minhas camisetas antigas como vestido, e dançando levemente enquanto mexia a colher de pau. Aquela cena… porra, se o mundo acabasse naquele instante, eu já teria vivido o suficiente.
Ava:
— Tá com essa cara por quê? Te mataram e te trouxeram de volta?
Soltei um sorriso torto e me aproximei devagar, por trás, rodeando a cintura dela com meus braços.
Gregório