Narrado por Bento
30 anos. Solteiro. Rico. E, como diriam os jornais que nunca ousaram publicar meu nome: letal.
Mas pra você, eu sou Bento. E pro Grego — o único que ainda me chama assim — eu sou só “Ben”. O velho amigo da faculdade. Aquele que tirava nota boa sem estudar, que desaparecia no fim de semana e voltava com sangue na gola da camisa. Aquele que todos sabiam que era perigoso, mas ninguém tinha coragem de perguntar o porquê.
Eu e Grego nos conhecemos num curso de Direito. Primeira aula. Ele chegou atrasado, sentou do meu lado e me olhou de cima a baixo antes de perguntar:
Gregório: “Seu nome é Bento mesmo ou só tá de sacanagem com a minha cara?”
Foi ali que eu entendi duas coisas:
Primeira — ele não tinha medo.
Segunda — ele era maluco. E malucos, geralmente, são bons parceiros pra quem tem uma vida como a minha.
Anos depois, ele virou o chefe de uma das estruturas mais poderosas da Europa. E eu? Eu segui fazendo o que minha família sempre fez. Matando. Silenciosamente. Por