Ava
Eu já havia chorado muitas vezes desde que entrei naquela casa.
No banheiro.
Na varanda.
Na cozinha, comendo escondido.
No travesseiro, quando o silêncio me engolia.
Mas nenhuma lágrima se comparava à que descia agora.
Gregório me olhava em silêncio.
Eu estava sentada na beirada da cama, com as mãos trêmulas no colo. A sessão com a Camilla ainda pesava dentro do meu peito. Ainda doía. Mas pela primeira vez… a dor estava tentando sair.
E ele sabia.
Sabia que eu ia contar.
Estava me dando espaço pra respirar, pra não fugir.
E eu não queria fugir.
Não mais.
— Eu era bonita — comecei.
A voz saiu baixa, quase irreconhecível.
— Não que eu fosse perfeita, não que chamasse atenção como aquelas mulheres que você vê e para tudo. Mas eu era bonita. Tinha vaidade. Me arrumava, me olhava no espelho e sorria. Me sentia… viva.
Gregório ficou em silêncio. Seu olhar não me j