O solar mergulhava em silêncio naquela noite. Isabel caminhava pelos corredores de mármore, a chama de uma lamparina nas mãos, ouvindo apenas o próprio coração. Depois do jantar, Gabriel se retirara para o escritório, mas ela sabia que não adormeceria enquanto não falasse com ele. Havia coisas demais presas em seu peito.
Empurrou a porta do escritório e o encontrou recostado na poltrona, a gravata afrouxada, alguns papéis ainda abertos sobre a mesa. Mas, ao vê-la, Gabriel levantou o olhar e um sorriso discreto suavizou suas feições.
— Não consegue dormir?
— Não — confessou Isabel, aproximando-se. — Acho que preciso… de companhia.
Ele fechou os documentos, afastando-os como se nada mais importasse.
— Então sente-se. — E apontou para a cadeira ao lado, mas Isabel hesitou. Em vez disso, caminhou até a varanda anexa ao escritório, onde o luar entrava sem pedir licença.
Gabriel a seguiu em silêncio. Ficaram lado a lado, olhando a lua refletida sobre os jardins. A brisa fresca carregava o