Os dias passaram lentos e tranquilos em Santa Aurélia.
A vida, depois de tantas tempestades, havia aprendido a ser simples. O sol parecia nascer diferente, mais suave, mais dourado. O vento que antes trazia lembranças agora apenas movia as cortinas da varanda do solar Ferraz, deixando entrar o cheiro doce das magnólias que Isabel plantara meses antes.
Isabel acordava cedo, sempre antes de Gabriel. Gostava de caminhar descalça pelo jardim, sentindo a grama fria sob os pés. Havia algo de sagrado naquela rotina — o silêncio, o som distante das crianças chegando à escola, o canto dos pássaros. Tudo isso lhe lembrava que a vida, afinal, havia escolhido continuar.
Gabriel, por sua vez, encontrara um novo ritmo. Trabalhava apenas quando queria, passava mais tempo no solar, cuidava das flores, dos vinhedos e, acima de tudo, dela. Ele a observava como quem olha o amanhecer todos os dias e ainda se espanta com a beleza.
— Já pensou em escrever? — perguntou ele uma manhã, enquanto ela servia o c