Capítulo 7 – O Nome da Promessa

O casarão estava silencioso pela manhã. O sol atravessava as janelas enormes, com uma luz dourada suave. Isabel caminhava devagar, sentindo os dedos deslizarem pelas molduras dos retratos de família.

Desde a conversa com a mãe, tudo parecia envolto em segredo. A frase ecoava como um martelo dentro dela: É hora de cumprir a promessa que seu pai deixou. Isabel tinha dito que aceitava, mas ainda não conseguia acreditar que isso daria certo e que seria feliz. Como aceitar que seu futuro fosse decidido por um acordo selado antes mesmo de nascer?

 Na sala, Dona Teresa estava sentada na mesa de madeira. Os óculos na ponta do nariz, escrevia em um papel grosso. O som da caneta deslizando sobre o papel era o único ruído no momento. Quando percebeu a presença da filha, ergueu os olhos e sorriu discretamente, um sorriso contido.

 — Sente-se, filha — pediu.

 Isabel se aproximou e se sentou, tentando controlar o nervosismo.

— Há coisas que você precisa entender — começou Teresa. — O casamento arranjado foi feito quando você ainda nem era nascida. Seu pai acreditava que a união com a família Ferraz garantiria estabilidade, alianças fortes, proteção.

Teresa suspirou, mas sua expressão não era de raiva, e sim de uma calma firme.

— Saiba que o destino nem sempre nos pergunta o que queremos, filha. Às vezes, apenas se impõe.

A família Ferraz era poderosa em Santa Aurélia, donos de terras vastas, negócios respeitados e, segundo alguns, segredos que nunca vinham à tona. Isabel lembrava de ouvir que o herdeiro era diferente dos outros jovens: calado, sério, distante das festas e da ostentação. Alguém que preferia a solidão.

— Quem é ele? — perguntou Isabel, num sussurro quase tímido.

A mãe demorou a responder, como se soubesse que aquelas palavras mudariam tudo.

— Gabriel Ferraz.

Isabel repetiu mentalmente o nome de Gabriel, tentando aceitar o seu destino.

— Ele sabe desse acordo? — arriscou.

Teresa assentiu com um leve sorriso.

— Sabe. Gabriel cresceu sabendo dessa promessa, assim como você. Só aguardava o momento da sua volta.

Um calafrio subiu pela espinha de Isabel. Enquanto ela corria de seu destino, em algum lugar existia um homem que a esperava.

A conversa foi interrompida quando Alfredo bateu na porta. Com sua voz calma, ele anunciou:

— O senhor Gabriel mandou dizer que está disposto a recebê-la amanhã, no solar da família.

O coração de Isabel disparou.

Naquela tarde, ela se sentou em um banco no jardim do casarão e tentou acalmar sua ansiedade. Caminhou entre as flores, passou os dedos pelas pétalas. Havia dentro dela uma calma diferente, como se entendesse que sua vida não poderia ser definida pelo que Adriano roubara dela.

Quando o sol se pôs, Isabel voltou ao quarto que havia sido o seu. Tudo estava arrumado como antes. Sentou-se e observou o próprio reflexo na penteadeira. Não era mais a jovem que saíra de casa com o coração cheio de ilusões. Era mais forte. Seus olhos tinham profundidade, uma dor que agora se misturava com determinação.

— Amanhã... — murmurou. — Amanhã vou descobrir quem é o meu noivo.

Naquela noite, demorou a dormir. O vento balançava as cortinas, e a lua lançava sombras prateadas pelo quarto. Quando o sono finalmente chegou, trouxe um sonho inquietante: um par de olhos escuros, profundos e misteriosos, observando-a de algum lugar escondido.

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