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Capítulo 6 – O Casarão de Santa Aurélia

O carro dirigia pela estrada cheia de curvas, cercada por colinas verdes que brilhavam com a luz suave da manhã. Isabel olhava tudo pela janela. Cada lugar que passava trazia de volta uma lembrança: a escola onde aprendeu a ler, a praça onde brincava de esconde-esconde, o coreto das festas da cidade, os amigos do colégio, a vida que ficou para trás. Santa Aurélia parecia igual, mas dentro dela tudo estava diferente.

Alfredo dirigia em silêncio, ele sempre soube que Isabel sabia bem o que fazer e como agir. Ele parecia entender que Isabel estava mergulhada nos próprios pensamentos. Quanto mais perto de casa, mais o coração dela ficava pesado. Ela estava perto de reencontrar a mãe e, assim, estava perto de ter que assumir a responsabilidade de casar com quem não conhecia.

Quando o carro fez a última curva, o casarão apareceu. Grande, imponente, parecia aqueles de filme. Os jardins estavam cheios de flores, as flores favoritas dela, era como se nada tivesse mudado.

Ao passar pelo imponente portão de ferro, Isabel sentiu novamente uma onda de lembranças: o dia em que aprendeu a andar de bicicleta, as brincadeiras de bobo pelo gramado, as histórias que a avó contava nas noites de verão. Mas também lembrou da promessa que fez a si mesma de nunca mais voltar, olhando para o casarão depois da briga sobre o casamento arranjado.

 O carro parou na frente da escadaria. Alfredo desceu e abriu a porta para ela. Isabel respirou fundo antes de colocar os pés no chão. O coração dela batia forte, ela ainda não estava pronta para esse momento.

Antes que Isabel chegasse em frente à porta, ela se abriu: Dona Teresa apareceu. O rosto já não era mais jovem, estava marcado pelo tempo, os cabelos presos num coque simples, agora com alguns fios brancos e o olhar firme. Por um instante, mãe e filha ficaram paradas, sem saber como começar.

— Isabel — disse a mãe, com a voz segura, mas um pouco trêmula. — Você voltou.

 Isabel abaixou os olhos, olhou para o chão, não tinha coragem de olhar nos olhos da mãe.

— Voltei, mãe.

 O silêncio que se seguiu parecia eterno. Até que Dona Teresa deu um passo para trás.

— Entre. A casa sempre foi sua.

 O cheiro de casa bem cuidada, os quadros antigos... tudo estava igual. Mas Isabel não sentia mais como se fosse sua casa, sentia-se como uma estranha.

Na sala principal, Dona Teresa sentou-se em uma poltrona imponente e apontou uma cadeira à sua frente para Isabel se sentar. Seu olhar era firme, atravessava Isabel como se quisesse ler sua alma e os anos em que ela não esteve presente.

 — Você sumiu por anos — disse a mãe, séria. — Ignorou minhas cartas, minhas ligações. Seu orgulho a afastou da família. E agora volta, porque ele escolheu outra?!

As palavras doíam, mas eram verdade. Isabel fechou os olhos por um instante e depois respondeu:

— Achava que tinha o direito de escolher meu caminho. Mas estava enganada, esse caminho só me magoou.

 A mãe ficou em silêncio, observando. Havia dureza em seu olhar, mas também um carinho escondido.

— O destino sempre encontra a gente, Isabel. Você fugiu... e ele trouxe você de volta. E de uma forma que te fez sofrer.

Isabel respirou fundo.

— Eu aceito o casamento arranjado, mãe.

 Dona Teresa não respondeu logo. Apenas inclinou a cabeça devagar e, depois de um tempo, falou baixo:

— Então está na hora de cumprir a promessa do seu pai.

O silêncio que se seguiu era pesado, mas Isabel sentiu uma calma estranha. Não era o futuro que sonhou, mas era o que tinha pela frente.

Isabel levantou os olhos. Estava decidida.

 A noiva rejeitada voltava agora como esposa por contrato.

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