O fim da tarde chegou lento em Santa Aurélia. O sol dourava as janelas do solar Ferraz, e Isabel estava no ateliê que Teresa havia mandado montar, entre tecidos e vasos de flores. Desde o escândalo, ela buscava ali um refúgio silencioso — um espaço em que pudesse se esquecer do passado.
Gabriel, por sua vez, passava o dia dividido entre a empresa e as notícias que chegavam de Valdívia. O nome de Adriano Monteiro estava em todos os jornais. As manchetes variavam entre “Tentativa de Suicídio ou Crime?” e “O Império Monteiro à Beira da Ruína”. As investigações avançavam, e boatos diziam que novas provas haviam surgido.
Foi no meio dessa atmosfera tensa que uma visitante inesperada chegou ao portão do solar.
A mulher se apresentou como Clara Menezes, advogada particular de Elena Monteiro. Tinha um ar elegante, mas o olhar firme de quem estava acostumada a negociar segredos. O mordomo a anunciou, e minutos depois ela foi conduzida até a sala principal, onde Gabriel a aguardava.
— Senhor Fe