A noite em Valdívia trazia consigo um frio que cortava. Adriano Monteiro estava novamente trancado em seu escritório, com os olhos fixos nas chamas da lareira. A bebida sobre a mesa já não aquecia — apenas acentuava a raiva. Desde que as investigações haviam se intensificado, dormia pouco e confiava em menos pessoas.
Um telefonema interrompeu o silêncio. Ele atendeu com impaciência.
— Fale.
— Senhor Monteiro, temos um problema — disse a voz do outro lado. — A advogada Clara Menezes. Ela saiu da cidade e foi vista embarcando rumo a Santa Aurélia.
Adriano levantou-se, derrubando o copo.
— Santa Aurélia? — repetiu, entre dentes. — Então é isso…
O funcionário hesitou.
— Senhor, acredita que ela vá procurá-los?
— Tenho certeza. — O olhar de Adriano era puro aço. — E se ela chegar lá, minha ruína será pública.
Em Santa Aurélia, Clara permanecia hospedada em uma pousada próxima ao centro. Gabriel insistira que ela ficasse no solar, mas a advogada preferiu manter-se discreta, temendo represál