Os dias que seguiram à tentativa de suicídio de Elena lançaram uma sombra sobre toda Valdívia. A imprensa não falava de outra coisa, e a figura de Adriano Monteiro, antes tão admirada, começava a ruir diante da opinião pública. A família dele mantinha silêncio, os advogados tentavam conter os danos, mas cada detalhe novo que surgia parecia piorar a situação.
Em Santa Aurélia, Isabel acompanhava tudo à distância. Lia os jornais com atenção, tentando entender o que se passava, embora cada linha parecesse um espinho voltando a feri-la. Gabriel percebia seu incômodo e tentava poupá-la das manchetes, mas ela já havia aprendido: fugir do passado só o tornava mais poderoso.
— Está tudo desmoronando, não é? — perguntou Isabel, olhando pela janela do escritório.
— Sim — respondeu Gabriel, fechando um dos jornais. — Adriano está cercado. E se for mesmo culpado, não haverá como escapar.
Ela o observou em silêncio. Parte de si sentia uma tristeza involuntária — não pelo homem, mas pelo que ele re