A noite caiu sobre Santa Aurélia com um frescor leve, e o solar parecia respirar em silêncio. Isabel caminhava pelos corredores, incapaz de dormir. As emoções dos últimos dias ainda a agitavam, como ondas que não se aquietavam. Decidiu descer até o salão principal, onde a penumbra era quebrada apenas pela luz suave das lamparinas.
Para sua surpresa, Gabriel já estava lá. Estava junto ao piano, folheando algumas partituras antigas que pertenciam à família Valente. Ele ergueu o olhar ao perceber a presença dela, e um sorriso discreto surgiu em seus lábios.
— Também não consegue dormir?
Isabel se aproximou, sorrindo de volta.
— Não. Acho que meus pensamentos não sabem descansar.
Ele se afastou do piano e caminhou até ela. Havia uma calma em seus gestos que a envolvia de imediato. Isabel percebeu então que um gramofone antigo repousava sobre um aparador próximo, e Gabriel ajustou-o sem pressa. Logo, uma melodia suave preencheu o salão, notas delicadas que se espalhavam pelo ar como se tiv