A madrugada se arrastava como um lamento prolongado, e a sala de espera da Clínica Portuguesa já não parecia tão aconchegante. As poltronas de couro bege tornavam-se um cárcere silencioso onde Alberto Darius contava os segundos, ouvindo o leve tique-taque do relógio pendurado na parede, que mais parecia zombar da sua impaciência.
Lá fora, a cidade dormia sob um véu de neblina, indiferente à dor que lhe corroía o peito.
Com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos trêmulas entrelaçadas, ele se sentia à beira do colapso. O cigarro acabou a muito tempo, mas não trouxe nenhum relaxamento. Tudo em sua mente girava em torno de Samanta, do corpo frágil repousando em algum leito além daquela porta, da criança que crescia em seu ventre e que ele mal conseguia conceber como real.
Mas era real. Era deles.
Num ímpeto, puxou o celular do bolso e discou para Tiago.
— Diga que tem alguma coisa — disse assim que ouviu o clique do outro lado.
— Tenho. Você vai querer sentar pra isso, chefe —