Dominic Willians
A reunião com o conselho da empresa parecia mais uma arena de combate do que uma mesa de discussão. O clima era pesado, como se cada palavra carregasse um peso de mil decisões. Eu já estava acostumado com aquilo, mas naquela manhã, algo me incomodava mais do que o normal. Os diretores estavam especialmente agitados, debatendo o cenário econômico — instável, imprevisível e volátil. Palavras que eu ouvia desde que comecei nesse ramo. Mas então, como sempre acontecia nessas reuniões, o foco desviou do mercado para a sucessão da empresa. E o nome dele surgiu. — A imagem da empresa precisa de estabilidade, Dominic. — disse Martins, um dos conselheiros mais antigos, encarando-me com aquele olhar que escondia julgamento. — E seu filho, Brandon... convenhamos, ele não transmite nenhuma confiança como sucessor. Fechei os olhos por um segundo. Já esperava por isso. Brandon era tudo, menos previsível. Mas era meu filho, e parte de mim ainda tinha esperanças de que ele mudasse. Só que a cada dia, essa esperança parecia mais tola. Antes que eu pudesse responder, outro diretor aproveitou a deixa: — Tenho um velho amigo, Jackson Hayes. A empresa dele tem potencial, só está com problemas de liquidez. Ele tem uma filha jovem, bonita e bem-educada. Se Brandon se casasse com ela, conseguiríamos consolidar uma aliança estratégica. Estamos falando de um retorno comercial acima de quinhentos por cento. Franzi o cenho. Aquilo era ousado. Mas não completamente absurdo. Em um mundo onde alianças significavam mais do que contratos, casamentos estratégicos ainda aconteciam — mesmo que as pessoas fingissem que não. Levei a mão ao queixo, ponderando. Havia lógica naquela proposta. E, infelizmente, poucas opções no cenário atual. Não havia muito o que ser feito. — Marque um jantar. — falei, sem emoção. — Chame o Jackson e a família. Eu levo o Brandon. (...) Na noite marcada, chegamos ao restaurante reservado, Andiamo Detroit Riverfront. Era um dos lugares mais sofisticados da cidade. Escolhi esse em especial para passar a mensagem certa: elegância, seriedade, compromisso. Exatamente o que precisava esta noite. Brandon apareceu atrasado, como sempre. Ao menos estava vestido a caráter, adequadamente. Quando entrou e viu o ambiente formal, a expressão no olhar dele mudou. Passou rapidamente da curiosidade ao incômodo. Ele veio até mim e sentou-se à mesa, encostando na cadeira e cruzando os braços com desconfiança. — Que tipo de jantar é esse? — perguntou, estreitando os olhos. — O que você está planejando? Suspirei, já prevendo o que viria. — Um encontro para discutir uma possível união entre você e a filha de um amigo. — disse com franqueza. — Seria benéfico para todos nós. A resposta dele veio como uma explosão. — Você só pode estar brincando! Quer que eu me case com uma desconhecida por causa de negócios? De jeito nenhum! A cada palavra, senti o sangue me subir à cabeça. Meu maxilar se contraiu, e tive que fazer esforço para manter o controle. — Você não tem disciplina, Brandon. Vive se escondendo atrás de identidades falsas, enganando mulheres, brincando com os sentimentos alheios como se tudo fosse um jogo. — Apontei o dedo para ele. — Se não quiser assumir responsabilidades, então também não pode assumir a empresa. Eu retiro sua sucessão! — falei com firmeza. Ele deu uma risada seca, debochada. Como o moleque que era. — Ótimo! Não estou interessado na sua empresa, nem nesse casamento ridículo! Se quer tanto casar, case você mesmo! — depois disso, ele simplesmente se levantou e saiu, batendo a porta do estabelecimento como uma criança mimada. Minha sorte foi que, quando fiz reserva no restaurante, aluguei o lugar completamente para que apenas nós estivéssemos aqui. Então, não tinha ninguém além de mim até o momento. Pois nem meus convidados haviam chegado ainda. Fechei os olhos. Respirei fundo. Estava prestes a ir atrás dele, quando a porta do restaurante se abriu novamente. Jackson, Irina e... Stella. Eles entraram com passos hesitantes, olhando ao redor, claramente confusos. A presença deles me surpreendeu. Mas nada — absolutamente nada — me preparou para o que senti ao ver a Stella. Ela era linda. Mas não daquele jeito óbvio, montado. Era uma beleza suave, delicada, que parecia se impor pela serenidade. E havia algo nela... algo nos olhos, no jeito como os ombros estavam tensos, como se ela carregasse um fardo que ninguém via. Me perdi por alguns segundos naquela visão. Meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Jackson, cautelosa: — Você é... o Brandon? Quantos anos você tem mesmo? A pergunta me pegou desprevenido. Eu até quis rir, sem jeito com a situação. Ele havia percebido, claro. Eu era muito mais velho do que o esperado. E meu filho... bem, meu filho tinha saído porta afora. Minha mente ecoou as palavras do Brandon. “Se quer tanto casar, case você mesmo.” O absurdo daquela frase deveria ter me feito rir, mas quando ouvi a pergunta do Jackson, algo dentro de mim clicou. Talvez... talvez ele estivesse certo. Talvez esse casamento fosse uma jogada que eu devesse assumir. Brandon não estava pronto. Nunca esteve. E agora, ali na minha frente, estava uma mulher que, por algum motivo que eu ainda não compreendia, mexia comigo. Tomei fôlego, endireitei a postura e sorri com a calma de quem tinha tudo sob controle — mesmo que não tivesse. — Vinte e um. Tenho vinte e um anos. Era uma mentira, claro. E uma grande. Mas além de eu estar em forma, o que me fazia não parecer tão velho quanto realmente era, naquele instante, não era só sobre negócios. Era sobre um sentimento estranho que me invadiu do nada, como se a vida estivesse me oferecendo uma chance que eu nem sabia que queria. Stella ainda não havia dito uma palavra, mas eu já sentia que havia algo ali. Algo que ia além do interesse comercial. Algo que talvez mudasse tudo. E, pela primeira vez em anos, eu estava disposto a correr o risco. lStella Hayes Quando ele disse que tinha vinte e um anos, franzi a testa. Ele era dois anos mais novo do que Brandon e um ano velho do que eu… mas não parecia. O tal Dominic tinha uma presença tão marcante, tão firme, que era difícil acreditar que fosse apenas um ano mais velho do que eu. Fora a aparência em si. Não que ele fosse feio, ao contrário, era muito bonito e charmoso. Mas ainda assim, não parecia ter essa idade. A primeira coisa que reparei foi no olhar dele — calmo, profundo, como se me enxergasse além da superfície. Depois, no porte: elegante, seguro, maduro. Cada movimento seu enquanto falava — e me olhava — sorria, gesticulava, vinha acompanhado de uma serenidade quase intimidadora, como alguém que sempre sabia o que estava fazendo. Não dava pra negar: ele era bonito. Muito bonito. E diferente de qualquer homem que eu já tinha conhecido. A gente se sentou à mesa. O jantar começou meio tenso, com sorrisos forçados e aquele tipo de conversa que servia só para quebrar
Dominic WilliansEu saí do restaurante com a intenção de clarear a mente. O jantar, as negociações, o descontrole de Brandon... tudo isso girava em círculos na minha mente. Mas havia um nome que se sobressaía em meio à confusão: Stella.Ela não me saía da cabeça. O jeito calado, o olhar doce — ainda que triste. A maneira como ela observava tudo à sua volta como quem carregava o mundo nos ombros. Tinha algo nela que mexia comigo, algo que eu ainda não sabia nomear.Entrei no carro, liguei o motor e deixei que as ruas me guiassem. Não pensei no caminho. Só queria distância do que era conhecido, previsível, controlado. Talvez, no fundo, esperasse encontrar respostas no silêncio da cidade.Foi quando a vi.Stella caminhava sozinha pela calçada. Os ombros curvados, os passos arrastados, o olhar vazio. Tinha algo errado. Muito errado.Parei o carro alguns metros atrás, desliguei o motor e desci sem pensar duas vezes. Comecei a segui-la, tentando não chamar atenção. Parte de mim queria apena
Stella HayesAcordei com o sol atravessando as janelas altas do quarto. A luz dourada tocava o chão de mármore como se quisesse purificar tudo que havia acontecido na noite anterior. Levei um tempo para abrir os olhos por completo. Minha cabeça ainda latejava, mas... algo em mim estava diferente.Não me joguei da ponte.Não me perdi para sempre.Lembrei que tentei avançar o sinal com ele, mas estava grata e aliviada por ele não ter permitido. Sabia que agora estaria arrependida.Também estava feliz por ter dormido bem, em um colchão que abraçava meu corpo, em um quarto silencioso, longe dos gritos da Irina e da indiferença do mundo.Dominic. Ele tinha me salvado.Mas não podia esquecer: ele também era um homem. E todos os homens, mais cedo ou mais tarde, mostravam a verdadeira face.Mesmo ele, com sua gentileza ensaiada, seu olhar calmo, sua voz tranquila... provavelmente era só fachada. Eu sabia reconhecer um bom manipulador. Já tinha sido enganada antes.“Não vou cair de novo”, pens
Stella Hayes Naquela noite, Nolan me chamou até o quarto dele. Ele era o filho da minha madrasta, Irina. Nossa relação sempre foi distante, e eu queria recusar seu convite, mas ele disse que tinha algo para me mostrar. A forma como ele falou não me pareceu suspeita de imediato, só... estranha. Mas eu, extremamente burra e curiosa, fui. Quando entrei, ele estava encostado na cômoda, como se me esperasse há horas. O quarto estava com as luzes mais baixas, uma garrafa de bebida sobre a escrivaninha. Ele pegou um copo e serviu um pouco. — Quer? — perguntou, estendendo o copo para mim. Balancei a cabeça, tentando ser educada: — Não, obrigada. Ele revirou os olhos, impaciente. — Para de fingir que é pura! — zombou irritado e eu congelei. Sem que eu pudesse reagir, ele se abaixou, puxou alguma coisa debaixo da cama e jogou em cima dela. Meu coração quase parou. Era uma lingerie vermelha, provocante... exatamente aquela que o Brandon tinha me dado de presente no meu aniversário. Eu a