Dominic Willians
Eu saí do restaurante com a intenção de clarear a mente. O jantar, as negociações, o descontrole de Brandon... tudo isso girava em círculos na minha mente. Mas havia um nome que se sobressaía em meio à confusão: Stella. Ela não me saía da cabeça. O jeito calado, o olhar doce, ainda que triste. A maneira como ela observava tudo à sua volta como quem carregava o mundo nos ombros. Tinha algo nela que mexia comigo, algo que eu ainda não sabia nomear. Entrei no carro, liguei o motor e deixei que as ruas me guiassem. Não pensei no caminho. Só queria distância do que era conhecido, previsível, controlado. Talvez, no fundo, esperasse encontrar respostas no silêncio da cidade. Foi quando a vi. Stella caminhava sozinha pela calçada. Os ombros curvados, os passos arrastados, o olhar vazio. Tinha algo errado. Muito errado. Parei o carro alguns metros atrás, desliguei o motor e desci sem pensar duas vezes. Comecei a segui-la, tentando não chamar atenção. Parte de mim queria apenas abordá-la, puxar conversa, perguntar se ela estava bem. Mas algo me impediu de falar. Um instinto. Ou talvez a cena que se desenrolava diante dos meus olhos — ela atravessando a rua em direção à ponte. O coração disparou. Ela subiu no parapeito. Tudo dentro de mim congelou. — Stella?! — gritei, correndo até ela, a adrenalina me dominando. E antes que pudesse pensar em qualquer coisa, puxei-a de volta com força. Ela caiu contra o meu peito, ofegante, encharcada pela chuva fina que caía. Meus braços se fecharam ao redor do corpo dela num reflexo de desespero. — O que você pensa que está fazendo!? Você está louca?! — Soltei, sem conseguir controlar o tom. O único pensamento que me veio à mente era que eu era tão horrível que a ideia de se casar comigo a fazia querer se matar. E com isso, as palavras escaparam antes que eu pudesse filtrá-las. Mas, ao olhar o rosto dela e ouvir suas palavras, ouvi-la dizendo que eu não entendia, que não sabia pelo que ela passava, percebi que não era sobre mim. Não apenas sobre mim. Ela não disse mais nada. Apenas desabou. Se jogou nos meus braços como se a dor finalmente tivesse encontrado um abrigo. Chorava com o corpo inteiro, soluçando de forma desordenada, como quem guardou por tempo demais tudo o que doía. E minha raiva... sumiu. Desfez-se no ar, como vapor sob o frio da noite. Tudo o que sobrou foi um aperto no peito, uma compaixão dilacerante. Ela estava sofrendo. Muito mais do que eu imaginava. Enlacei-a com força, passando a mão devagar por suas costas. Não disse nada. Não havia o que dizer. Às vezes, o silêncio também acolhia. Quando os soluços começaram a ceder, murmurei: — Vamos sair daqui... Eu te levo pra casa. Mas ela respondeu baixo, quase como um pedido: — Eu não quero voltar pra lá... — a voz embargada — Aquela casa não é mais minha. Eu... não tenho mais um lar. Fechei os olhos por um segundo. Aquele tom, aquela fragilidade... doía ouvi-la assim. — Tudo bem. — falei, com firmeza. — Então, venha comigo. Ajudei-a a entrar no carro. O caminho até minha casa foi feito em silêncio, mas não era um silêncio pesado. Era... necessário. Ao chegarmos, abri a porta e a conduzi para dentro da mansão, mais especificamente, para o meu quarto. Ela olhava tudo com uma mistura de curiosidade e cansaço. Ainda tremia um pouco, o vestido molhado colado ao corpo, os cabelos grudados na pele. Tentei aliviar o clima, com um sorriso discreto. — A noiva não quis esperar nem o casamento para entrar no quarto, o que significa que noivo não é tão horrível assim, né? Ela soltou uma risada fraca, mas verdadeira. Aquele som me acertou em cheio. — Você não é horrível, Dominic. Pelo contrário — disse ela, me olhando nos olhos. — Eu só... odeio casamentos forçados. O problema não é você... Por isso eu não me importo tanto… A forma como ela disse aquilo, tão sincera, tão sem filtros... mexeu comigo. O ar pareceu mudar, tornar-se mais denso, mais quente. Uma tensão doce se formou entre nós. Ela se aproximou devagar. Eu não conseguia desviar o olhar. Stella tinha algo hipnótico, uma beleza que ia além do que os olhos podiam ver. Uma força escondida sob camadas de dor. E, naquele instante, senti algo dentro de mim ceder. — Já que estou me mudando antes do previsto... — ela sussurrou, com um leve brilho nos olhos. — Outras coisas também poderiam acontecer antes do previsto, certo? Ela estava a centímetros de mim. O cheiro do seu perfume misturado à chuva, a pele arrepiada, os lábios entreabertos. Meu coração batia tão alto que parecia preencher o cômodo. Quando ela tocou meu rosto com a ponta dos dedos, um arrepio atravessou minha espinha. — Stella… — murmurei, num fio de voz. — Não me afasta — ela pediu, com uma sinceridade crua. — Só essa noite. Sem contratos. Sem nome de família. Só você e eu. Não havia mais volta. Nenhuma força dentro de mim seria capaz de impedi-la. Ou de impedir a mim mesmo. Aproximei meus lábios dos dela, lentamente, sentindo a respiração entrecortada dela tocar minha boca. E então a beijei. Um beijo intenso, desesperado, faminto. Suas mãos seguraram firme meus ombros enquanto nossas bocas se encaixavam com urgência. Aquilo não era um beijo casto. Estava longe de ser. Levei as mãos até suas costas, sentindo o tecido molhado e frio do vestido grudar entre nossos corpos. Desci os dedos pela curva da sua cintura, puxando-a ainda mais para mim. Stella gemeu contra minha boca, e aquilo me fez perder completamente o controle. Puxei lentamente seu vestido, os dedos trêmulos, enquanto ela deslizava as mãos sob minha camisa, tocando meu peito com uma delicadeza que me desmontava. Quando o tecido escorregou por seus ombros e caiu ao chão, fiquei paralisado. Ela era linda. Não só pela pele clara e marcada de gotas, ou pelo corpo curvilíneo e delicado, mas pela força que ainda habitava seus olhos. Mesmo ferida, mesmo exausta, ela estava ali. Inteira. Presente. E por alguma razão, queria estar comigo. — Tem certeza? — perguntei, rouco. Ela assentiu, sem hesitar. — Pela primeira vez, sim. A leveza da resposta me cortou por dentro e, ao mesmo tempo, me incendiou. Eu a tomei nos braços e a levei até a cama. Deitei-a com cuidado, como se ela fosse algo precioso, porque era. Ela puxou minha camisa, abriu meus botões entre sorrisos contidos, e cada toque, cada provocação, era um suspiro de ansiedade meu que escapava pela boca. Beijei seu pescoço, desci pelos seios, pela barriga, ouvindo seus gemidos se perderem no quarto. Ela arqueava as costas a cada toque, e eu, sem conseguir me conter, me enfiei entre suas pernas, pois só pensava em sentir o sabor do seu néctar. Abri seus grandes lábios com os dedos, circulando seu clitóris com a língua e ela já arqueava as costas, suspirando e, mesmo sem emitir exatamente um som nítido de gemido, pelos seus suspiros eu sabia que ela estava gostando. E isso só me deixou ainda mais furioso. Não com ela, comigo mesmo por saber que não deveria tocá-la e mesmo assim querer. Chupei, suguei, a penetrei com meus dedos, levei meus dedos à boca lambuzados com seu mel e me deliciei com seu sabor. Por um instante, ela levantou um pouco as costas, me olhando, seus olhos escurecidos de tesão e eu não suportei mais, precisava estar dentro dela. Tirei toda minha roupa, envolvi meu membro com um preservativo e, puxando seu corpo mais para a frente, trazendo-a para mim, deslizei com tudo para dentro dela, soltando um gemido rouco ao entrar naquele lugar tão quente, apertado e umido. Nenhum de nós dois dizia nada, apenas nos deixamos levar por aquele momento insano de prazer que nos envolvia e ela movia o quadril no mesmo ritmo que eu, como se precisasse desesperadamente disso. Era intenso, mas cheio de entrega. Ela me envolvia com as pernas, com os braços… eu inclinei meu corpo rente ao dela e beijei sua boca com furor, precisava me unir ainda mais a ela. Assim, sem conseguir mais se segurar, ela gozou lindamente, me apertando em seu entorno e me fazendo esporrar e soltar um gemido rouco e alto. Ficamos ali por minutos longos e silenciosos, o som da chuva voltando a preencher o quarto. — Eu… eu preciso ir. — falei, me levantando, tirando a camisinha e me afastando dela. Ela me olhou, um vinco se formando em sua testa. Sabia que ela estava confusa, mas não podia continuar com isso. Eu tinha tocado nela, mesmo sabendo que não deveria E então me virei. Saí quase apressado, como se fugir fosse a única forma de manter a sanidade. Entrei no meu quarto sentindo o peito apertado, o desejo ainda latente, a confusão borbulhando. Tranquei a porta do meu quarto. Encostei a testa na madeira fria e fechei os olhos.Como eu pude? Ela ia se casar com o meu filho!
Eu tinha feito besteira e estava completamente ferrado!