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Capítulo 4 - A Tentação e o Pacto

Adrian

A floresta parecia mais densa naquela noite. As árvores se erguiam como guardiãs antigas, suas copas entrelaçadas escondendo parte da lua que me acompanhava. Cada passo do meu cavalo no solo úmido ecoava pesado, como se até a terra me julgasse pelo que eu havia feito.

Elara.

O nome dela era como uma chama viva queimando dentro de mim. Quanto mais tentava apagá-lo, mais ele ardia, consumindo-me por inteiro. Eu podia sentir seu perfume ainda preso em minhas narinas, o calor do olhar assustado dela, a forma como o coração dela acelerou quando percebeu minha presença.

Eu deveria tê-la deixado em paz. Deveria ter ficado longe, obedecido ao pacto feito pelos nossos ancestrais. Mas como? Como resistir quando tudo em mim gritava por ela?

A cada passo do cavalo, a lembrança de sua voz suave, seu cabelo cor de fogo iluminado pela lua, me arrastava ainda mais fundo nesse abismo. Eu não era mais dono de mim. E isso me aterrorizava.

Quando a clareira da alcateia surgiu diante de mim, iluminada pelo fogo no centro, respirei fundo, tentando me recompor. Como Alpha, eu não podia demonstrar fraqueza. Mas Cael me conhecia demais para que eu conseguisse esconder algo.

Ele estava sentado em um tronco próximo ao fogo, afiando novamente sua espada. A lâmina refletia o dourado das chamas, mas seus olhos estavam sombrios quando me viram.

— Você foi até o vilarejo de novo, não foi? — perguntou sem rodeios, guardando a espada no coldre.

Desci do cavalo, os ombros tensos. — Sim.

Ele se levantou devagar, aproximando-se de mim como um irmão que se prepara para dar uma bronca necessária.

 — Adrian… você sabe que não pode.

Rosnei baixo, a fúria já queimando sob minha pele. — Eu sou o Alpha desta alcateia. Não vou viver à sombra de pactos que não foram feitos por mim.

Cael cruzou os braços, firme, a expressão grave.

 — Alpha ou não, você sabe que existe uma hierarquia. Os anciões não vão tolerar essa quebra. Aqueles pactos foram selados com sangue. Não importa quem você seja, Adrian, as consequências serão terríveis.

Senti o peito explodir em uma mistura de raiva e frustração.

 — Consequências? Você fala como se eu tivesse escolha! — Dei um passo à frente, a voz rouca, carregada de uma urgência que mal conseguia controlar. — Você não entende, Cael. Ela não é apenas uma humana qualquer. Ela é minha luna. Predestinada. Meu corpo, minha alma, tudo em mim é arrastado para ela.

Cael apertou os olhos, como se buscasse paciência para lidar com a minha confissão. — Justamente por isso é ainda mais perigoso. Você vai colocar não só a si mesmo em risco, mas todos nós.

— Eu não consigo resistir — confessei, a voz mais baixa, quase um sussurro. — Estar perto dela é como respirar depois de se afogar. Quando a vi, quando ouvi sua voz… foi como se todo o resto desaparecesse. Você não entende, Cael. Não é apenas desejo. É… inevitável.

Ele me observou em silêncio por alguns instantes, antes de balançar a cabeça. 

— Eu entendo mais do que você imagina. Mas inevitável ou não, ainda existe o pacto.

Passei as mãos pelos cabelos, frustrado, andando de um lado para o outro como uma fera enjaulada. — Aquele pacto foi feito há séculos, por alguém que já não existe. Eles decidiram, em nome de todos nós, que viveríamos separados. Mas e quanto a mim? E quanto a ela? Eu não estava lá para dar minha palavra. Eu não vou viver segundo as correntes de escolhas que não foram minhas.

— Esse é o preço de carregar o sangue da alcateia — Cael respondeu, firme. — Você não é apenas um homem, Adrian. É Alpha. Sua vida não é só sua. Todos nó dependemos das suas atitudes, das suas escolhas.

As palavras dele foram como golpes, mas a chama dentro de mim não apagava.

Parei diante dele, olhando diretamente em seus olhos. — Você não viu como eu vi. Não sentiu o que eu senti. Há algo nela… algo que vai além da simples humanidade.

Cael franziu o cenho. — Do que você está falando?

Respirei fundo, tentando colocar em palavras aquilo que até eu mal compreendia. — Quando a vi, senti uma pureza imensa dentro dela. O coração dela é como cristal, limpo, luminoso. Mas ao mesmo tempo… existe uma névoa, uma sombra que a envolve. Uma tristeza tão profunda que parece manchar a alma dela. É como se o mundo tivesse tentado apagá-la, mas, de alguma forma, ela ainda brilhasse.

Cael ficou em silêncio por um instante, como se absorvesse minhas palavras. Mas logo balançou a cabeça, voltando ao tom prático que sempre teve.

 — Seja o que for que você sentiu, não muda o fato de que ela é humana. E humanos não pertencem ao nosso mundo.

Minha respiração estava pesada, os punhos cerrados. — Eu sei o que é pertencer, Cael. E sei que ela me pertence.

Ele suspirou, passando a mão pelo rosto. — Se os anciões souberem, você será punido. Alpha ou não, não estará acima da lei.

— Então que eles tentem me punir — respondi, a voz carregada de desafio. — Porque nada, nem mesmo os anciões, vai me manter longe dela.

Cael me olhou com uma mistura de frustração e preocupação genuína. — Você está jogando com fogo, Adrian. E pode arrastar todos nós para as chamas.

Não respondi. Apenas ergui o rosto para a lua, que brilhava acima da floresta, imensa e silenciosa. Dentro de mim, a decisão já estava tomada.

Eu sabia que estava quebrando regras antigas. Sabia que o peso do pacto podia cair sobre meus ombros como uma condenação. Mas não importava.

Porque havia uma verdade que nenhum pacto poderia apagar:

Elara era minha.

E nada me impediria de tê-la.

Não consigo entender, se ela é humana como pode ser minha predestinada? O destino estaria brincando comigo, talvez com ela ou com nós dois?

Mas uma coisa era certa, ela era minha e nada mudaria isso.

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