Elara
A cada passo que eu dava, sentia os músculos do braço doerem sob o peso do balde de água. A alça de ferro pressionava minha mão, marcando a pele. O caminho de volta do poço era sempre o mesmo: terra batida, algumas pedras soltas, o vento leve que soprava do bosque trazendo o cheiro das árvores e da terra úmida. Mas hoje… hoje tudo parecia mais pesado. Não apenas a água que eu carregava, mas algo dentro de mim, como se o meu coração tivesse decidido se transformar em pedra.
Maeve caminhava ao meu lado. O rosto dela estava corado, o cabelo grudava no pescoço com o suor, mas, mesmo assim, ela ainda tinha aquela leveza irritante que me fazia querer sorrir e gritar ao mesmo tempo. Ela assoviava baixinho, como se nada no mundo fosse mais importante do que a melodia que inventava no instante. Eu tentei imitá-la, tentei fingir que também estava leve. Mas o peso que me esmagava não vinha da água. Vinha da memória.
A imagem ainda estava viva diante dos meus olhos, mesmo depois de uma noite