Mundo ficciónIniciar sesiónEla fugia de um destino imposto. Ele era o lobo que ninguém ousava desafiar. Aurora é uma ômega marcada por cicatrizes, visíveis e invisíveis. Após escapar de um casamento forçado com um Alfa cruel, ela só quer sobreviver. Mas o destino a joga nos braços de Cael: um Alfa dominante, CEO de um império de segurança e líder da matilha mais temida do país. Ele a reivindica. Sob a tensão, nasce algo mais forte que o medo: desejo, poder e um vínculo selvagem impossível de negar. Enquanto Aurora descobre a força que carrega, Cael enfrenta aqueles que jamais aceitaram suas escolhas. Unidos por um vínculo indomável, precisarão desafiar velhas regras e resistências para proteger aquilo que mais importa. Até onde você iria para proteger quem o destino colocou ao seu lado?
Leer másCapítulo 1
— Estão todos prontos? — sussurrou ele, os olhos âmbar cortando a penumbra como lâminas. Cinco homens se espalhavam entre os arbustos e as árvores centenárias. Guerreiros leais da matilha Ironfang, vestidos com trajes táticos pretos e máscaras que escondiam quase todo o rosto. Eles assentiram em silêncio, já em formação. Cael ergueu a mão, dando o sinal. Com movimentos ágeis e sincronizados, o grupo avançou. A missão era clara: destruir um entreposto clandestino da matilha rival, Bloodclaw. Informações internas haviam revelado que Lucian, o Alfa dos Bloodclaw, estava traficando lobos solitários, vendendo-os como mercenários para humanos inescrupulosos ou usando-os como moeda de troca em guerras de poder. Um crime brutal, mesmo para os padrões dos alfas mais cruéis. Cael se movia com precisão, como se fosse parte da floresta. Sua respiração era contida, controlada. O lobo dentro dele, sempre à espreita, permanecia alerta, mas em silêncio. — Alvo a 200 metros, ao norte — murmurou Jarek, seu Beta, com um sussurro quase inaudível pelo comunicador. — Estamos com sinal de calor vindo da estrutura. Confirmamos presença. — Aguardem meu comando — respondeu Cael, os olhos fixos no escuro adiante. — Nada de ações precipitadas. Eles se aproximavam do perímetro quando Cael parou subitamente. Um cheiro diferente cortou o ar. Não era ferro, suor ou fumaça. Era algo mais suave... porém impregnado de desespero. Um cheiro que ativou algo primal em seu peito. Baixando-se lentamente, ele inalou mais uma vez. Havia sangue, fresco, misturado com o perfume adocicado de uma fêmea ômega. O lobo dentro dele rosnou. — Mudança de rota. Algo está errado — disse ele, desviando para o leste sem explicar. — Cael? — Jarek chamou pelo comunicador. — Precisamos manter o foco. — Eu disse que algo está errado — rosnou o Alfa, cortando a conversa. Sua voz saiu mais grave, mais carregada de instinto. Ninguém ousou contestá-lo. Seguindo o cheiro por entre raízes grossas e galhos baixos, Cael avançou por cerca de trinta metros até que a encontrou. A jovem jazia caída entre folhas secas, com o corpo coberto por arranhões, hematomas e lama. Seus cabelos estavam embaraçados e sujos, grudando na testa suada. Os lábios entreabertos deixavam escapar respirações fracas, quase irregulares. O tempo parou. Assim que seus olhos pousaram nela, Cael sentiu um impacto violento em sua alma. Como se um raio o atingisse, partindo-o ao meio. Um calor percorreu-lhe o peito, os músculos e os ossos. Seu lobo uivou dentro dele, desesperado para se aproximar. A conexão era clara. Ela era sua companheira. — Pela Lua... — sussurrou ele, ajoelhando-se ao lado do corpo dela. Estendeu a mão com cuidado, como se temesse que ela desaparecesse com o toque. Seus dedos pousaram sobre a pele fria do pescoço, buscando o pulso. Fraco. Mas ainda ali. O corpo dela tremia levemente. Um murmúrio escapou de seus lábios rachados. — N-não me obrigue... eu... não quero... casar... Cael arregalou os olhos. Ela estava fugindo. Fugindo de alguém que queria forçá-la a se casar. E, pelo cheiro em sua pele, aquele alguém era da matilha Bloodclaw. O sangue dele ferveu. — Jarek, preparem a retirada. Encontramos uma prisioneira. Vamos levá-la agora. — Uma o quê? Cael, isso pode ser uma isca — retrucou o Beta. — É minha companheira. Silêncio. Jarek demorou dois segundos para processar. — Estamos a caminho. Cael passou os braços com delicadeza sob o corpo dela, tentando não pressionar os ferimentos visíveis. Ela gemeu baixo, inconsciente, e se aconchegou instintivamente contra o peito dele. O gesto partiu seu coração. “Eu te protegerei. Você está segura agora.” Nos minutos seguintes, o grupo recuou pela floresta em silêncio absoluto. O entreposto foi deixado para outra noite. Nada mais importava para Cael naquele momento. Aquela mulher ferida e frágil que ele mal conhecia... era sua outra metade. Enquanto subiam na caminhonete blindada, ele acomodou o corpo dela sobre seus joelhos. Com o maxilar tenso e os olhos semicerrados, sussurrou em um tom sombrio: — Seja lá quem te machucou, eu juro pela Deusa que ele vai pagar com a própria vida. O interior do veículo estava em total silêncio, exceto pelos sons fracos da respiração irregular da jovem nos braços de Cael. Ela ainda estava inconsciente, os olhos fechados com força como se vivesse um pesadelo do qual não podia escapar. A cada gemido abafado, o coração do Alfa se contraía, e o lobo dentro dele rosnava, impaciente. — Quanto tempo até chegarmos? — Cael perguntou, sem tirar os olhos do rosto dela. Jarek, ao volante, lançou um olhar rápido pelo espelho retrovisor. — Menos de quinze minutos até os portões da propriedade. Cael assentiu, acariciando com os dedos o rosto pálido da ômega. Suas bochechas estavam frias. A pele, marcada por hematomas escurecidos. Os lábios, rachados. Ainda assim, mesmo em estado tão frágil, ela era linda. Como se a própria Lua tivesse colocado sua bênção sobre ela. Ele sentia o vínculo vibrar por baixo da pele, instável, incompleto. Mas real. Intenso. Ela era dele. — Alfa... — Jarek hesitou, escolhendo as palavras com cautela. — Você tem certeza sobre isso? Sobre ela? Cael levantou os olhos devagar, os músculos do maxilar rígidos. — Assim que a toquei, soube. O vínculo é real. O lobo reconheceu antes de mim. Ela é minha companheira. Minha Luna. O silêncio retornou, mas dessa vez carregado de significado. Na hierarquia dos lobos, um vínculo de companheiros não era uma escolha — era uma verdade espiritual, sagrada, indestrutível. Quando finalmente cruzaram os portões da propriedade dos Ironfang, a mansão de pedra e vidro se revelou ao fundo, grandiosa, imponente no meio da escuridão. Cercada por hectares de floresta e protegida por barreiras mágicas e tecnologia de segurança, era um refúgio seguro e agora, o lar da jovem ferida. — Avise o doutor Myles. Ele tem cinco minutos pra estar aqui. — A voz de Cael era uma ordem cortante. Jarek desceu imediatamente e correu para dentro da mansão, acionando o sistema de emergência da matilha. Enquanto isso, Cael a carregou com cuidado escadas acima, atravessando os corredores silenciosos até seu próprio quarto.EpílogoCinco voltas das estações se passaram desde a Noite da Cura. O que antes eram territórios rigidamente divididos entre matilhas agora formava uma tapeçaria vibrante de comunidades interligadas. Nas planícies onde outrora sangrentas batalhas foram travadas, crianças de diferentes linhagens brincavam juntas, suas risadas ecoando como sinos sob o sol da tarde.Aurora observava a cena da varanda de sua casa — não uma mansão fortificada, mas uma estrutura ampla e aberta construída no local onde o Berço da Lua uma vez brilhara. Suas marcas prateadas já não reluziam com intensidade, mas sim pulsavam suavemente, como a respiração tranquila do mundo. Nos braços, ela balançava uma bebê de cabelos tão prateados quanto os seus, mas com olhos dourados que pertenciam ao pai.— Ela sonha com as estrelas — a voz de Cael veio de dentro da casa. Ele surgiu na varanda, um pouco mais grisalho nas têmporas, mas com a mesma postura imponente de Alfa. — Assim como você costumava fazer.Aurora sorriu,
Capítulo 51As entidades responderam não com palavras, mas com imagens, eras de guerra interminável, conflitos que alimentavam seu poder distorcido, a dor que se tornara seu sustento.— Nós podemos restaurar seu propósito verdadeiro — Aurora ofereceu, estendendo não suas mãos físicas, mas sua essência espiritual. — Em vez de se alimentarem do conflito, podem se nutrir do equilíbrio.A resistência foi imediata e violenta. A escuridão se contraiu ao seu redor, ameaçando esmagá-la. Fora, os outros podiam ver as formas negras se contorcendo violentamente, ouvir os uivos de dor que não eram totalmente animais.— Ela está morrendo lá dentro! — Marcos gritou, avançando em direção à escuridão.Cael o segurou, seu rosto uma máscara de agonia.— Espere — ele ordenou, embora cada instante fosse torturante. — Ela sabe o que está fazendo.Dentro da escuridão, Aurora sentia sua consciência se desfazer. As entidades não tinham malícia, apenas uma fome insaciável que as cegava para tudo, exceto para
Capítulo 50A lua cheia pendia como um disco prateado no céu noturno, testemunhando a reunião histórica que ocorria nas planícies sagradas entre os territórios antes divididos. Centenas de lobos de todas as matilhas estavam reunidos, suas formas alternando entre humana e lupina, todos com os olhos fixos na plataforma de pedra natural onde Aurora estava de pé. Suas marcas prateadas brilhavam com intensidade crescente, refletindo a luz lunar.— Esta noite — a voz de Aurora ecoou sobre a multidão silenciosa — não celebramos uma vitória, mas um novo começo. Não honramos um líder, mas uma verdade que foi esquecida por muito tempo.Cael observava de sua posição ao pé da plataforma, seus instintos de Alfa alertas para qualquer sinal de perigo. Ao seu lado, Jarek e Marcos trocavam olhares de admiração — a transformação de Aurora de uma ômega acuada para a líder espiritual de seu povo era nada menos que milagrosa.— Por gerações — Aurora continuou, suas palavras carregadas de uma energia que f
Capítulo 49Mais tarde, nos aposentos privados que uma vez compartilharam como refúgio, Aurora e Cael finalmente estavam sozinhos. O peso dos eventos recentes parecia pairar no ar entre eles, cheio de coisas não ditas e emoções não expressas.— Você poderia ter ficado — Cael disse finalmente, sua voz rouca. — Lá, com ele. Você poderia ter escolhido ficar.Aurora tocou seu rosto, seus dedos suaves contra sua pele.— Eu nunca teria ficado — ela sussurrou. — Porque eu já tenho um lar. Com você.Ele a puxou para um abraço, seu corpo tremendo levemente com a intensidade do alívio.— Eu te segui até o fim de tudo — ele sussurrou em seus cabelos. — E te seguiria novamente.— Eu sei — ela respondeu, descansando a cabeça em seu peito. — E é por isso que eu voltei.O pôr do sol encontrou o Grande Salão da Aliança de Ferro cheio como nunca antes. Não apenas com os sete Alfas, mas com representantes de todas as matilhas menores, todos os anciãos, todos os guerreiros importantes. O ar estava carre
Capítulo 48Quando finalmente avistaram as terras da Aliança de Ferro ao longe, uma cena inesperada os aguardava. O que antes eram campos de batalha agora mostravam os primeiros sinais de nova vida — brotos verdes surgindo entre a terra outrora devastada, e o ar não carregava mais o cheiro de cinzas e morte.— Pelos deuses — Jarek sussurrou, maravilhado. — O equilíbrio realmente foi restaurado.Mas a verdadeira surpresa os aguardava nos portões da mansão. Uma multidão de lobos de todas as matilhas vizinhas estava reunida, seus rostos uma mistura de esperança e apreensão. Na frente deles, os seis Alfas restantes do Conselho estavam alinhados — incluindo Kieran e Rhys, que pareciam especialmente desconfortáveis.— O que está acontecendo? — Cael perguntou, sua postura automaticamente se tornando defensiva.Kieran deu um passo à frente, e para surpresa de todos, inclinou a cabeça em sinal de respeito — não para Cael, mas para Aurora.— A noite passada — ele começou, sua voz incerta — algo
Capítulo 47Aurora respirava fundo, seu corpo ainda ecoando com as memórias do espaço entre os mundos, enquanto observava Aelia desfazer-se lentamente em luz.— Ela está em paz finalmente — sussurrou Liliana, segurando a mão da filha. A mãe de Aurora parecia mais sólida agora, como se parte do fardo que carregara por anos tivesse sido levantado.Cael permanecia ao lado de Aurora, sua presença uma âncora sólida no mundo que parecia ter se reinventado durante a noite. Seus olhos não deixavam a companheira, como se temesse que ela pudesse desaparecer novamente.— O que acontece agora com você? — Aurora perguntou à mãe, notando como os contornos de Liliana ainda tremeluziam levemente.— Minha função como costura terminou — Liliana respondeu com um sorriso triste. — Agora posso seguir em frente, como Anael fez. Como Aelia está fazendo.Aelia, agora pouco mais que uma silhueta de luz dourada, estendeu a mão na direção do casal.— O trabalho de vocês apenas começou. A cura do Tecelão foi ape
Último capítulo