Elara
A madrugada já estava se despedindo quando ouvi os passos pesados do meu pai se aproximando da porta de casa. Passei a noite inteira sentada no chão frio, encostada contra a madeira, esperando por aquele som. Eu já não sabia se estava acordada de verdade ou se o cansaço tinha me feito sonhar de olhos abertos. A cada estalo das tábuas, a cada sussurro do vento, meu corpo estremecia. Quando reconheci o arrastar conhecido de suas botas no terreiro, meu coração acelerou. Ele estava de volta. Vivo. Salvo. E, de repente, o peso que me esmagava o peito aliviou só um pouco.
Levantei rápido, sem fazer barulho. Não queria que ele me encontrasse ali, encolhida e com os olhos arregalados como uma assombrada. Corri para o quarto, me deitei na cama e me enrolei em silêncio, como se já estivesse dormindo há horas. Segurei a respiração quando ouvi a maçaneta da porta ranger. Sabia que ele ia espiar, como sempre fazia. Meu pai nunca deixava de se certificar de que eu estava segura. Fingi a seren