Adrian
O ar da noite estava denso, pesado, quase sólido. Cada respiração me custava esforço, como se os pulmões rejeitassem o oxigênio que a floresta oferecia. Eu sabia que não ia dar tempo. As dores já começavam a se espalhar pelo meu corpo — os músculos tensionando, os ossos latejando, o sangue queimando em minhas veias. A lua ainda nem tinha alcançado seu ponto mais alto, mas já me chamava com um poder que eu não conseguia ignorar.
Corri pela mata em disparada, os pés golpeando o chão coberto de folhas secas. Precisava me afastar da vila, precisava voltar para os limites da minha alcatéia antes que fosse tarde demais. Eu era o Alpha, e mesmo assim não tinha domínio sobre aquilo que me definia. Não naquela noite. Não sob o domínio da lua cheia.
Mas então, quando pensei que tinha conseguido despistar qualquer ameaça, um farfalhar suave me chamou a atenção. Eu já conhecia aquele som. O coração disparou, não pelo medo, mas por uma angústia que me esmagou.
— Não... — murmurei, virando o