(POV Selene)
Não dormi.
Não porque o corpo não quisesse, mas porque o selo não me deixou.
Cada vez que fechava os olhos, eu via.
O olhar de Ivy preso em correntes.
O sangue escorrendo dos pulsos dela.
O riso dos guardas quando a arrastaram para o fundo da cela como se fosse apenas um pedaço de carne.
Eu não gritara.
Não atacara.
Não tinha feito nada — porque Elias me segurou com as palavras dele, com aquele maldito olhar que me atravessa como lâmina e me cala antes que eu possa reagir.
E ainda assim, dentro de mim, eu uivava.
O amanhecer chegou como um inimigo silencioso, escorrendo pelas frestas de pedra e iluminando a cela em que estávamos. O chão frio ainda tinha cheiro de ferrugem, e minhas mãos estavam marcadas de tanto apertar as grades durante a noite.
Quando me virei, Elias estava sentado, costas apoiadas na parede, olhos fechados como se descansasse. Mas eu sabia que ele não dormia. Caçadores não dormem. Eles apenas fingem.
— Vai ficar aí quieto como se nada tivesse acontecid