(POV Selene)
A noite na Fortaleza não era silêncio.
Era gemido. Era ferro arrastando pedra. Era gritos que não tinham dono e ecoavam pelos corredores como lamentos de fantasmas que nunca encontrariam descanso.
Deitada no banco de pedra, eu não conseguia fechar os olhos. O selo latejava como febre, queimando dentro de mim a cada instante. Ele me puxava, como se gritasse o nome de alguém. Como se dissesse: ela está perto.
Ivy.
Minha tia.
Minha última raiz antes do exílio.
A mulher que carregava nos olhos a mesma fúria que hoje eu trazia no peito.
O selo a reconhecia como sangue, como sombra que nunca se apagara.
Respirei fundo, tentando não deixar o coração bater tão alto. Elias estava sentado na outra ponta da cela, de costas para a grade, como uma sentinela cansada, mas nunca vulnerável. A lâmina descansava sobre a coxa dele, e mesmo no escuro eu via o brilho de alerta em seus olhos.
— Você não para de se mexer. — murmurou ele, sem me encarar.
— É o selo. — respondi, baixo. — Ele está