(POV Selene)
A noite era o manto que nos escondia. Mas nem mesmo a escuridão parecia suficiente quando a cidade dos caçadores surgiu diante de mim.
As muralhas da Fortaleza Oeste se erguiam como dentes de ferro contra a lua. Grossas, altas, cravejadas de lanças nas torres, iluminadas por tochas que transformavam a pedra em brasas douradas. O som dos guardas ecoava na noite — botas batendo em sincronia, correntes tilintando como se a própria prisão estivesse viva.
Meu coração apertou. Ali dentro estava Ivy. Minha tia. Sangrando, presa, respirando com dificuldade — eu sentia, pelo selo, que o sangue da família chamava o meu.
— Fique atrás de mim. — Elias disse em voz baixa, o tom mais uma ordem do que conselho.
Olhei para ele. Ou melhor, para quem ele parecia ser.
O caçador de antes tinha desaparecido. Agora, Elias usava roupas escuras, com a insígnia marcada no ombro: o emblema da Ordem dos Caçadores. O capuz encobria parte do rosto, mas deixava ver o maxilar duro, os olhos gélidos. El