(POV Selene )
A madrugada parecia mais longa que todas as outras.
O frio entrava pelos ossos, e mesmo enrolada no cobertor áspero eu não conseguia afastar o arrepio. Não era só a dor no ombro. Era o peso do que vinha depois. O selo latejava devagar, como se cada batida fosse um lembrete: você não anda sozinha.
Antes do sol nascer, Dorian ergueu-se. Não precisou levantar a voz; bastou o corpo dele se mover e toda a matilha despertou. Era isso que significava ser Alfa: a simples presença dele arrastava todos para o ritmo.
— Arrumem tudo. — disse, firme, a voz baixa mas sem espaço para contestação. — Não podemos ficar aqui.
Ronan já estava de pé, recolhendo armas, a expressão carregada como sempre. Caelan rolou os ombros, espreguiçando-se como fera que não gostava de ser tirada do abrigo da sombra. Hale verificava a rota, olhos fixos nas marcas do chão, calculando o tempo que teríamos antes que outro ataque caísse. Gregor se aproximou, impondo ordem entre os guerreiros com poucos gestos.