(POV Selene)
O caminho parecia não ter fim.
As pedras da trilha machucavam meus pés já doloridos, e cada passo era um lembrete de que eu não nascera para esse mundo. Eu era forjada em silêncio e solidão, não em sangue e poeira. O vento frio que vinha da montanha cortava como lâmina, e ainda assim, atrás de mim, o ritmo dos lobos permanecia firme, inabalável, como se carregar o peso da própria vida fosse hábito, não fardo.
Olhei para os lados: as sombras se alongavam, e a floresta que nos engolia parecia se estreitar de propósito, como se vigiasse cada respiração minha. À frente, Dorian seguia em silêncio, passos fortes, olhar fixo, a figura de quem carrega um destino maior do que os próprios ombros.
Atrás dele, Ronan caminhava como fera contida, músculos tensos, como se quisesse estar em qualquer lugar, menos preso a uma marcha lenta. Caelan… Caelan se movia como sombra, quase não se ouvia seu peso na terra. E Elias, distante, mantinha a cabeça baixa, mas eu sentia — não com os olhos,