(POV Selene)
O sol ainda nem tinha rompido quando senti o cheiro.
Não era o ferro enferrujado do galpão, nem o suor impregnado nas paredes. Era diferente.
Acre. Amargo.
Caçadores.
— Estão vindo. — murmurei, antes mesmo de pensar.
Dorian já estava em pé, o olhar de fogo faiscando no escuro. Ronan ergueu a lâmina, o braço pesado pronto. Caelan apenas riu baixo, preguiçoso como sempre, mas eu vi os olhos prateados se estreitarem.
O primeiro estilhaço de vidro quebrou a janela lateral, seguido por uma flecha que cravou no pilar de madeira.
Depois, gritos.
Pesados, ritmados, como uma tropa que sabia para onde ia.
Eles tinham nos encontrado.
O coração acelerou, mas não de medo. O fogo dentro de mim queimava mais forte, latejando no selo como se estivesse faminto.
Por um segundo, pensei que minhas pernas vacilariam. Mas não. Elas correram sozinhas.
A porta arrebentou e o primeiro caçador entrou, alto, coberto de couro negro, a cruz gravada no peito da armadura. O cheiro de prata queimava o a