(POV Selene)
O primeiro soco não deixou hematoma.
Nem o segundo.
Nem o terceiro.
Parei, ofegante, olhando meus próprios dedos. Não havia dor, nem marcas roxas, nem o ardor conhecido de quando exagerava nos treinos. A pele estava intacta. Como se o saco de areia não tivesse devolvido impacto nenhum.
Rolei os ombros, tentando afastar a estranheza. O corpo inteiro parecia vibrar, pulsar de uma energia que não era minha. Era como se cada músculo tivesse acordado, mais rápido, mais forte, mais vivo.
Corri até a outra extremidade do galpão só para testar. Os passos ecoavam no cimento, firmes e leves, e quando me dei conta estava atravessando o espaço com velocidade que nunca tive. O ar entrava fácil, limpo, sem aquele peso nos pulmões. Não havia cansaço, só mais fogo.
E então ouvi.
Não como antes. Não como humana.
Eu ouvi.
O metal arranhando pedra — Ronan afiando a lâmina no canto, o som seco e ritmado como batida de coração.
O estalo da língua de Caelan, que se jogava na mesa fingindo preg